Histórias

Arcos de Valdevez valoriza o Alto da Pedrada

O Município de Arcos de Valdevez aprovou uma intervenção arqueológica no recinto fortificado do Alto da Pedrada, o que permitirá conhecer mais detalhes sobre o que é um dos acampamentos romanos melhor conservados do Noroeste Peninsular. O sítio do Alto da Pedrada foi localizado por romanarmy.eu a partir da análise digital da zona graças aos dados LiDAR cedidos pela Comunidade Intermunicipal do Alto Minho (CIM Alto Minho).


Localização das portas em clavícula no Alto da Pedrada. Fonte dados LiDAR: CIM Alto Minho.

O acampamento romano do Alto da Pedrada encontra-se situado num sítio espectacular da Serra do Soajo, a 1416 metros de altitude, em pleno Parque Nacional da Peneda-Gerês. As especiais condições de isolamento do sítio arqueológico, longe das estradas e dos núcleos de povoamento da zona, facilitaram a preservação de boa parte do recinto fortificado e mesmo de três das suas características portas em clavícula. O seu paralelo mais próximo no Noroeste Peninsular é o acampamento romano de Penedo dos Lobos, em Manzaneda (Ourense) investigado por romanarmy.eu no Verão de 2018. O recinto, de pequenas dimensões (1,5 hectares) está delimitado por uma muralla de pedra com cerca de dois metros de largura conservada em três dos lados e adapta-se à topografia local.

Precisamente um dos aspectos mais chamativos do recinto do Alto da Pedrada é que essa muralha foi construída a partir da abundante pedra existente no outeiro. Nas fotografías aéreas, como é possível ver, aprecia-se o “negativo” das zonas onde se retirou o material pétreo, imediato ao lugar de construção da muralha. Desta forma, os militares construíram a muralha com relativo pouco esforço e ao mesmo tempo fizeram mais regular e transitável um caminho de ronda pela parte interior da muralha.

A campanha, que se levará a cabo neste ano de 2020 com o apoio do Município de Arcos de Valdevez, permitirá conhecer mais sobre a presença do exército romano na antiga Gallaecia e converter-se-à no primeiro acampamento romano a ser intervencionado arqueologicamente no Norte de Portugal, um território no que até agora a informação sobre a presença de contingentes militares romanos era relativamente limitada. É parte do projecto de investigação Finisterrae financiado no marco do programa de investigação e inovação Horizonte 2020 da União Europeia através de uma Marie Skłodowska-Curie Individual Fellowhisp (grant ID 794048) que o arqueólogo da Universidade de Exeter João Fonte, membro de romanarmy.eu, está levando a cabo para comprender as transformações na paisagem e na sociedade no Norte de Portugal entre o final da Idade do Ferro e os inícios da romanização. O Município de Arcos de Valdevez confia em que “esta intervenção contribuirá para a posterior valorização desta importante estação arqueológica do nosso concelho, e, ao mesmo tempo para a dinamização cultural e turística de Arcos de Valdevez”.

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